A Tragédia que Abalou o Acre
Nesta terça-feira (23), às 13h, será realizado o velório de Moisés Alencastro no Cemitério Morada da Paz, em Rio Branco. O ativista cultural foi encontrado morto no dia 22 de dezembro, apresentando ferimentos a faca que indicam a linha de investigação de homicídio, conforme informado pela polícia. O Ministério Público do Acre (MP-AC) também está acompanhando o caso, que gerou grande comoção em toda a sociedade acreana.
Segundo a Polícia Civil, o caso começou a ser investigado pela equipe do pronto emprego na noite anterior à descoberta do corpo. A perícia fez o levantamento de dados no local, enquanto a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) deu início às investigações. “Estamos aguardando o resultado do exame cadavérico para prosseguir”, declarou a polícia ao portal g1.
Trajetória Profissional e Contribuições
Moisés Alencastro atuava no MP-AC há mais de 19 anos, tendo iniciado sua carreira em 2006. Atualmente, trabalhava no Centro de Atendimento à Vítima (CAV), onde se destacou pela dedicação ao serviço público, além de manter uma forte presença na cultura local. De acordo com a nota oficial do MP-AC, ele era reconhecido por sua capacidade de conciliar suas obrigações institucionais com seu amor pela vida cultural do estado.
Como servidor do CAV, Moisés oferecia apoio direto a vítimas de violência e seus familiares. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) também lamentou sua morte, destacando sua humildade e comprometimento com a justiça e a sociedade. “A advocacia está de luto, e unimo-nos em oração para consolar seus familiares e amigos neste momento de profunda tristeza”, afirmou a OAB-AC.
Impacto Cultural e Legado
A jornalista e amiga próxima, Andréa Zilio, elogiou a contribuição de Moisés para o turismo no Acre, ressaltando sua importância na criação do projeto Turismo Pé na Estrada. “Sua energia sempre transbordou, e sua luta pela vida e celebração do que é bom nos uniu”, homenageou Andréa.
Além de seu trabalho no CAV, Moisés teve uma participação ativa no Conselho Estadual de Cultura, onde ajudou a moldar e fortalecer as políticas culturais do Acre. Ele era um defensor fervoroso da identidade cultural local e atuava como um elo entre artistas, produtores e o governo.
O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, também destacou a importância de Moisés no campo do jornalismo, onde registrou a vida social e cultural do estado, eternizando memórias e eventos. “Você será sempre lembrado como um amigo querido, que nos trouxe momentos de alegria”, lamentou o colunista social Vagno Di Paula em suas redes sociais.
Detecção e Investigação do Caso
Depois de ser visto pela última vez no dia 21 de dezembro, a falta de contato levou amigos e colegas a procurá-lo. A localização de seu celular indicou um bairro específico, o que despertou suspeitas. Assim, o MP-AC autorizou o arrombamento do apartamento para investigação.
O corpo de Moisés foi encontrado na noite de segunda-feira, deitado sobre a cama, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou o falecimento. A cena foi isolada pela Polícia Militar, e o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Durante as buscas, o carro de Moisés foi encontrado na Estrada do Quixadá, com os pneus furados e o porta-malas aberto, mas até o momento, ninguém foi preso pelo crime.
Reações da Comunidade e do Governo
O governador do Acre, Gladson Camelí, expressou seu pesar pela morte de Moisés, ressaltando o impacto positivo que ele teve na sociedade acreana. “Ele era uma pessoa muito querida, que deixou um legado significativo na cultura do estado e no serviço público”, afirmou Camelí.
A Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) também se manifestou, expressando solidariedade aos familiares e amigos, e descrevendo a perda como uma situação ‘irreparável’. O presidente da Associação dos Homossexuais do Acre (Ahac), Germano Marino, enfatizou a importância de honrar a memória de Moisés em um momento tão difícil, destacando a necessidade de empatia e dignidade.
A morte de Moisés Alencastro não apenas acende um alerta sobre a violência que ainda permeia a sociedade, mas também reforça a importância de preservar e valorizar a rica cultura acreana. Sua história e legado continuam a ecoar entre aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e desfrutar de suas contribuições.
