**Geraldo defende a redemarcação da Reserva Extrativista e critica o modelo atual: “engessamento do acre”**
Em uma entrevista impactante no programa Boa Conversa – Edição aleac, o ex-deputado estadual e produtor rural Geraldo Pereira tornou-se uma voz ativa na luta pela redemarcação da Reserva Extrativista Chico Mendes. No dia 17 de outubro, ele se juntou a manifestantes que ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa do acre (aleac), protestando contra os embargos ambientais impostos pelo icmbio. Pereira argumentou que a gestão das reservas ambientais, em particular a da Chico Mendes, tem sido inadequada e, segundo ele, um obstáculo ao desenvolvimento econômico e social do estado.
Durante sua fala, Geraldo destacou a importância do meio ambiente, mas ressaltou a necessidade urgente de equilibrar essa preocupação com o progresso econômico e social do acre. Ele afirmou: “A Marina Silva é uma figura importante na defesa do meio ambiente, mas não podemos nos limitar apenas a essa questão. A nossa prioridade agora é garantir o desenvolvimento econômico e social do acre.” Essa afirmação reflete o dilema enfrentado por muitos que buscam o desenvolvimento sustentável na região.
Geraldo criticou a criação de reservas federais, como a Chico Mendes, que ocupa uma área imensa de 900 mil hectares, equivalente a cerca de 5,6% do território do acre. Para ele, isso representa uma forma de “engessamento” da produção rural. “Com a criação da reserva Chico Mendes, houve uma intervenção federal significativa na economia local. Essa reserva sozinha corresponde a uma enorme limitação, e todas as reservas juntas representam um bloqueio que afeta cerca de 47% do desenvolvimento econômico do acre”, explicou.
O ex-parlamentar fez um apelo para que a reserva seja redemarcada, considerando as ocupações já existentes e redirecionando áreas para atividades agrícolas. “Estamos defendendo que a reserva Chico Mendes seja redemarcada de forma a regularizar a situação das pessoas que já habitam a área, criando assim espaço para o desenvolvimento econômico e social”, enfatizou.
Ele também trouxe à tona a questão da disponibilidade de terras produtivas nos municípios de Brasiléia e rio branco, que, segundo ele, enfrentam severas limitações devido às áreas de conservação. “No município de Brasiléia, não há mais terras disponíveis para a agricultura. Todas as áreas trabalháveis estão dentro da reserva. Em rio branco, se você pensar no crescimento da cidade, não há para onde expandir. A agricultura só pode avançar se houver uma revisão dos limites dessas reservas”, advertiu.
Geraldo questionou o modelo extrativista proposto nas reservas, alegando que a realidade hoje se assemelha a condições análogas ao trabalho escravo. “A vocação do acre era extrativista, mas o que a Resex Chico Mendes representa atualmente é uma situação que se aproxima da escravidão moderna. O governo federal combate o trabalho escravo nas propriedades rurais, mas o mesmo tipo de estrutura que abriga os trabalhadores não deveria ser permitido dentro de propriedades particulares”, criticou.
O ex-deputado pediu que o governo federal e a bancada do acre se unam para reformular a política de reservas florestais, destinando áreas para a agricultura de maneira planejada e sustentável. “Precisamos de um esforço conjunto, envolvendo o governo federal, estadual e municipal, além do Congresso Nacional, para reavaliar as reservas florestais e destinar áreas para o desenvolvimento da agricultura. Temos uma margem considerável para trabalhar, já que o acre possui 16% de suas terras cobertas por reservas, e somente 20% podem ser desmatados”, detalhou.
Ao comentar sobre as fiscalizações e destruições de áreas produtivas, Geraldo criticou o icmbio, destacando uma série de omissões históricas e defendendo incentivos para práticas de produção sustentável. “Embora o icmbio tenha um papel importante, sua política de preservação ambiental tem falhado ao longo do tempo. Quando a reserva foi criada em 1990, havia um argumento forte, mas, ao longo dos anos, a falta de visão levou a uma situação de engessamento”, analisou.
Ele também ofereceu alternativas de baixo impacto econômico, como o cultivo de cacau e café, financiados por recursos internacionais. “Se tivéssemos plantado cacau e café em vez de gado, as comunidades poderiam estar gerando 50 vezes mais renda. Com o financiamento do Fundo da Amazônia, poderíamos transformar a realidade econômica de muitas famílias, evitando a necessidade de abrir novas áreas de floresta”, sugeriu.
Ao concluir, Geraldo Pereira enfatizou que a devastação ilegal é uma consequência direta da falta de planejamento e incentivo à produção sustentável. Ele fez um cálculo impressionante sobre o potencial econômico do acre. “Desde 1990, o acre poderia ter gerado mais de 10 trilhões de reais se tivéssemos aproveitado nossas florestas de maneira racional. O estado poderia estar muito mais avançado do que está hoje”, finalizou, reafirmando sua posição em prol de um desenvolvimento que respeite tanto a economia quanto o meio ambiente.