A Falta de Estratégia na Política Tarifária de Trump
O renomado economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel, criticou duramente a política comercial e tarifária implementada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma recente entrevista à CNN Internacional. Krugman ressaltou que as taxas aplicadas pelo governo não apresentam uma estratégia clara e caracterizou-as como “violações de acordos internacionais”, além de serem fontes de incertezas econômicas.
“A imprevisibilidade em relação às tarifas, que ninguém consegue prever nem mesmo nas próximas semanas, é realmente destrutiva”, afirmou o professor ao programa Quaest Means Business. Essas declarações vêm à tona em um momento em que dados recentes sobre a inflação ao consumidor, divulgados na última sexta-feira (24), revelam os efeitos negativos das tarifas de Trump em setores como vestuário, artigos de decoração e eletrodomésticos. O índice de preços ao consumidor teve uma alta de 0,3% em setembro e uma elevação de 3% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Embora alguns preços tenham mostrado uma leve desaceleração, como o do café – que caiu 0,1% em setembro –, o aumento acumulado em 12 meses é significativo, atingindo 18,9%. A situação pode se agravar ainda mais se os Estados Unidos seguirem adiante com a intenção de taxar a Colômbia. A Casa Branca também anunciou, na mesma data, a suspensão total das negociações tarifárias com o Canadá em resposta a um vídeo publicitário do governo de Ontario. Neste, o ex-presidente americano Ronald Reagan criticava as barreiras comerciais mundiais.
Trump classificou a propaganda como uma tentativa de “interferir” em uma decisão da Suprema Corte sobre as tarifas, destacando que o conteúdo foi manipulado. O governo de Ontario editou o discurso de Reagan, mas manteve a essência do apoio do ex-presidente ao comércio livre e justo. Essa tensão com o Canadá surge em um cenário já conturbado, especialmente após os EUA anunciarem, no início de outubro, uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, que entrará em vigor no dia 1° de novembro, somando-se a uma taxa de 30% já estabelecida.
Em resposta à crescente pressão econômica, Trump admitiu que o atual valor das tarifas é insustentável, mas ainda assim ameaçou elevar a alíquota para 155%. Krugman, por sua vez, acredita que a situação econômica dos EUA é mais grave do que aparenta, classificando-a como “estranha”. Acrescentando à complexidade do cenário, ele mencionou que a paralisação do governo americano, que já se estende por quatro semanas, tem causado impactos diretos na economia.
Milhares de trabalhadores perderam seus salários pela primeira vez em decorrência do shutdown, e alguns dados econômicos relevantes, como os relacionados ao emprego, tiveram sua divulgação adiada devido a esse impasse. Essa realidade aponta para um futuro incerto, onde as escolhas tarifárias de Trump e a fragilidade da economia se entrelaçam, gerando uma onda de incertezas que afetam diretamente a vida dos cidadãos e o cenário econômico global.
