Perspectivas de Crescimento em Meio a Desafios Econômicos
No terceiro trimestre de 2024, a Venezuela registrou um crescimento de 8,7% em seu Produto Interno Bruto (PIB), atribuído principalmente ao aumento nas vendas de petróleo, conforme dados divulgados pelo Banco Central da Venezuela (BCV) nesta quinta-feira. No entanto, essa melhora econômica contrasta com a realidade vivida pela população, que relata não perceber melhorias em seu cotidiano.
O anúncio do crescimento ocorre em um momento delicado para o país, que enfrenta uma nova onda inflacionária e a desvalorização acentuada de sua moeda. O bolívar, a moeda local, já perdeu mais de 70% de seu valor em relação ao dólar ao longo deste ano, complicando ainda mais a vida dos cidadãos.
“Bendito aquele cuja economia cresceu, porque a minha me faz chorar todas as noites e todos os dias”, desabafou Carolina Serrada, uma confeiteira de 28 anos, que demonstrou como a inflação e a variação da taxa de câmbio afetam diretamente o seu negócio e suas finanças pessoais.
Leia também: Mercado Financeiro Revisa Previsão de Inflação para 2025 para 4,72% – Impactos no Cenário Econômico
Fonte: vitoriadabahia.com.br
Leia também: Volta Redonda 2024: O Futuro Brilhante da Economia e Cultura
Fonte: rjnoar.com.br
A discrepância entre a cotação do dólar oficial e a do mercado paralelo também é uma barreira significativa para muitos venezuelanos. Enquanto no mercado oficial o dólar é cotado a 203 bolívares, no mercado paralelo a moeda já ultrapassa 280 bolívares, representando uma diferença de quase 40%.
O salário mínimo na Venezuela é de apenas 130 bolívares, valor que equivale a menos de um dólar. Para tentar amenizar a situação, o governo oferece bonificações que incrementam o rendimento mínimo mensal, embora isso ainda não seja suficiente para garantir a sobrevivência digna da população.
O BCV informou que o crescimento do PIB de 8,71% em relação ao terceiro trimestre de 2024 marca o 18º trimestre consecutivo de expansão econômica. Esse crescimento é uma recuperação significativa após anos de crise, que incluem um período de hiperinflação que durou quatro anos e uma queda acentuada de 80% do PIB.
Um ponto destacado pelo BCV é o crescimento de 16,12% na atividade petrolífera e 6,12% na economia não petrolífera, indicando um certo dinamismo nas atividades econômicas do país. “Esse dinamismo é um sinal da capacidade de recuperação da economia nacional diante das adversidades”, afirmou um porta-voz do Banco.
No entanto, a estabilidade econômica ainda parece distante para muitos. “Dizer que há aumento do PIB é algo positivo, mas eu não vejo prosperidade nem o fim da crise”, ponderou Ingrid Flores, de 35 anos, que trabalha como criadora de conteúdo nas redes sociais.
O governo venezuelano atribui parte da instabilidade econômica às sanções impostas pelos Estados Unidos desde 2017, além do embargo petrolífero de 2019, período em que a inflação alcançou níveis alarmantes de 344.000%. O presidente Nicolás Maduro afirmou que os preços aumentaram 48% em 2024, embora o BCV não divulgue dados oficiais de inflação há quase um ano.
A Resiliência de um Povo em Tempos de Crise
Enquanto o governo tenta promover uma imagem de recuperação, a realidade cotidiana da população venezuelana revela um cenário de incertezas e dificuldades financeiras. A esperança de um futuro melhor para muitos ainda parece distante, mesmo com os dados que apontam para um crescimento econômico. O desafio agora é encontrar um equilíbrio entre o crescimento e a melhoria real da qualidade de vida dos cidadãos.