Desafios Financeiros das Santas Casas
As Santas Casas de Misericórdia estão em busca de emendas parlamentares para garantir o custeio essencial de suas operações, conforme discutido na audiência realizada pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. O evento contou com a participação de especialistas que debateram a sustentabilidade financeira dessas instituições filantrópicas e exploraram novos modelos de gestão para enfrentar os desafios atuais. A repórter Maria Beatriz Giusti destaca que essa foi a terceira e última audiência pública de um ciclo dedicado a fortalecer as instituições filantrópicas e promover a interação entre governo, setor privado e especialistas, visando inovações que possibilitem uma gestão mais eficiente.
O senador Fernando Dueire, do MDB de Pernambuco e presidente da audiência, enfatizou a importância das Santas Casas para a saúde pública no Brasil. Ele ressaltou que os hospitais filantrópicos, muitas vezes de origem religiosa, desempenham um papel vital ao integrar a iniciativa privada e o Estado, ajudando a garantir acesso a serviços de saúde essenciais.
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Fonte: amapainforma.com.br
De acordo com Dueire, as Santas Casas respondem por mais de 50% dos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e cerca de 70% das internações de alta complexidade. “Em muitos municípios, elas representam o único hospital que oferece serviços de oncologia, cardiologia e terapia intensiva”, afirmou o senador.
Preocupações com Novo Modelo de Emendas
Durante a audiência, a principal preocupação manifestada foi a recente mudança no modelo de aplicação das emendas parlamentares a partir de 2025. Flaviano Feu Ventorim, vice-presidente da Confederação das Santas Casas, destacou que, anteriormente, uma parte das emendas poderia ser utilizada para custeio de forma qualitativa. Contudo, com as novas diretrizes, a aplicação passa a exigir uma abordagem quantitativa.
“Agora, todo o valor da emenda deve ser direcionado para novos procedimentos com base em uma tabela do SUS, que já é bastante desatualizada”, explicou Ventorim. Ele comentou que essa exigência pode ampliar o déficit operacional dos hospitais que dependem dessas emendas, tornando a situação financeira ainda mais crítica.
Os especialistas presentes na audiência ressaltaram a necessidade de que as emendas continuem a apoiar o custeio das instituições, garantindo a manutenção de serviços já existentes, além de fomentar a criação de novos. O subfinanciamento dos atendimentos pelo SUS foi outro ponto central levantado durante as discussões.
Déficit Operacional e Necessidade de Incentivos Públicos
O diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Jader Pires da Silva, revelou que a instituição enfrenta um déficit de 31% em seu custeio. Para ele, a solução para essa situação passa pela implementação de novos incentivos por parte do governo. Segundo Silva, o apoio financeiro adequado é fundamental para garantir que as Santas Casas possam continuar oferecendo serviços de saúde de qualidade para a população.
Com a supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, a reportagem de Maria Beatriz Giusti destaca a urgência de ações efetivas para assegurar a viabilidade financeira dessas instituições, que são pilares fundamentais para o sistema de saúde brasileiro.