Cota Mínima para Alimentos Tradicionais nas Escolas
A proposta de garantir uma cota mínima de 5% de alimentos produzidos por povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, na merenda escolar se aproxima de se tornar realidade. O projeto, apoiado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado e visa valorizar a sociobiodiversidade, além de assegurar a soberania alimentar das comunidades brasileiras. A repórter Raíssa Abreu traz detalhes sobre a iniciativa.
A proposta, conhecida como Política Nacional de Promoção da Alimentação e dos Produtos da Sociobiodiversidade, busca não apenas garantir a segurança alimentar das populações tradicionais, mas também promover a valorização das culturas locais. O relator do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), destacou a relevância da proposta ao citar denúncias do Ministério Público do Amazonas sobre a entrega de alimentos nas escolas indígenas que desconsideram as especificidades culturais e ambientais dessas comunidades.
De acordo com Paim, os produtos fornecidos atualmente têm sido em sua maioria industrializados, o que contraria os hábitos alimentares tradicionais. A presença de alimentos ultraprocessados nas comunidades indígenas não só desrespeita a cultura local, mas também gera uma quantidade significativa de resíduos, como plásticos e embalagens, que prejudicam o meio ambiente e a saúde das populações.
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Fonte: amapainforma.com.br
O senador Jaques Wagner ressaltou que a ideia de instaurar esta política teve origem a partir de experiências bem-sucedidas de inclusão de produtos alimentares indígenas nas escolas do Amazonas, como beiju e peixe, que são parte integral da dieta e cultura locais. A presidente da Comissão de Direitos Humanos, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), elogiou a proposta, afirmando que ela contribui para gerar renda e garantir a nutrição adequada das comunidades tradicionais.
Com a aprovação na Comissão de Direitos Humanos, o projeto seguirá agora para análise na Comissão de Meio Ambiente e, em seguida, na Comissão de Assuntos Sociais, onde será discutido em mais detalhes. A expectativa é de que esta medida não só melhore a qualidade da alimentação nas escolas públicas, mas também valorize e respeite a tradição e os costumes alimentares dos povos indígenas e quilombolas em todo o Brasil.
Esse avanço na política de soberania alimentar representa um passo importante para a inclusão social e a valorização das culturas tradicionais no país, além de estabelecer uma nova perspectiva sobre como a alimentação pode ser abordada nas instituições de ensino. O fortalecimento das práticas alimentares locais pode, assim, criar um impacto significativo na preservação das identidades culturais e na promoção da sustentabilidade ambiental.
Da Rádio Senado, Raíssa Abreu.