A câmara dos Deputados aprovou, por 346 votos a favor e 97 contra, a urgência para a votação do Projeto de decreto Legislativo (PDL) 314/25, proposto pelo líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS). Este projeto visa suspender o decreto do governo que havia promovido um alívio nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com essa aprovação, o PDL pode ser analisado diretamente no Plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões da Casa, o que acelera o processo legislativo.
O deputado Zucco expressou suas preocupações sobre a inação do governo em relação à redução de despesas. Ele argumentou que a administração atual não está enfrentando as questões fiscais de maneira adequada, afirmando: “O governo não corta na carne, não diminui ministérios e cargos de confiança”. Essa crítica reflete um sentimento crescente entre os opositores que exigem medidas mais rigorosas para assegurar a responsabilidade fiscal.
Em defesa da urgência na votação, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), enfatizou a necessidade de proteger os interesses dos contribuintes, afirmando que o Estado não deve pressionar ainda mais o povo brasileiro. Sua posição destaca um dos principais argumentos contra o aumento do IOF: a pressão fiscal sobre a população que já enfrenta desafios financeiros.
Por outro lado, o líder do Novo, deputado Marcel van Hattem (RS), acusou o governo de desrespeitar o papel do Legislativo ao implementar aumentos de impostos sem a devida discussão. “O IOF é um imposto regulatório, e não arrecadatório. É por isso que a câmara rejeitará este decreto”, destacou, indicando que a oposição está unida na defesa de uma análise cuidadosa das políticas fiscais.
Líderes de partidos que apoiam o governo, como PSD e Republicanos, também se manifestaram a favor da urgência, refletindo uma divisão interna sobre como lidar com a questão do IOF.
Em resposta, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu as ações do Executivo como necessárias para a manutenção do arcabouço fiscal estabelecido em 2023. Ele ressaltou que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal e social, afirmando que não vai desrespeitar as normas previamente aprovadas. Essa afirmação busca tranquilizar os deputados sobre a intenção do governo em seguir diretrizes que garantam a estabilidade econômica do país.
O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), advertiu que, se o decreto for revogado, o governo enfrentará a necessidade de um contingenciamento de mais de R$ 12 bilhões no dia seguinte. Isso demonstra a complexidade da situação fiscal atual e os desafios que a administração enfrenta para equilibrar as contas públicas.
A vice-líder do governo, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), argumentou que o decreto presidencial afeta principalmente aqueles que realizam “operações financeiras”, sugerindo que a medida não impacta diretamente a maioria da população, mas sim uma minoria que possui recursos significativos para transações financeiras.
Por sua vez, a líder do Psol, deputada Talíria Petrone (RJ), criticou o aumento seletivo do IOF, afirmando que ele recai apenas sobre os mais ricos. “Vocês estão contra aqueles do andar de cima pagarem a conta do ajuste fiscal que os senhores insistem que nós devemos fazer”, afirmou, desafiando os deputados que apoiam a derrubada do decreto a reconsiderar suas posições.
O aumento do IOF foi inicialmente anunciado pelo governo em 22 de maio, mas após fortes críticas de parlamentares e empresários, houve uma revisão parcial da medida. Na última quarta-feira (11), o Poder Executivo divulgou uma nova medida provisória sobre a tributação de investimentos, além de propostas para cortes de gastos, e um novo decreto com alíquotas reduzidas do IOF, embora ainda com aumentos.
Esse cenário complexo em torno do IOF reflete a tensão entre a necessidade de arrecadação do governo e a pressão por uma gestão fiscal mais responsável e equitativa. A tramitação do PDL 314/25 será fundamental para compreender os próximos passos na política tributária do Brasil e suas consequências para a economia nacional.