Solução Sustentável para Drones
A mobilidade aérea está passando por transformações significativas, especialmente com o avanço de tecnologias inovadoras. Um exemplo disso é a análise sobre como a geração de energia a partir do vento das hélices pode ampliar a autonomia de drones. Essa ideia está sendo explorada no Programa de Pós-Graduação em Metrologia (PósMQI), da PUC-Rio, que se propõe a desenvolver uma solução sustentável para enfrentar os desafios energéticos impostos aos veículos aéreos não tripulados.
Nos últimos anos, os drones têm sido utilizados em uma variedade de aplicações, desde o monitoramento de incêndios florestais até a fiscalização do descarte irregular de resíduos. No setor agrícola, esses dispositivos desempenham papéis cruciais, como a detecção de pragas, a dispersão de sementes e o acompanhamento de lavouras. Além disso, eles têm se mostrado eficazes em entregas logísticas, tanto em áreas urbanas quanto rurais, e na prestação de serviços de comunicação em locais com infraestrutura deficiente.
No entanto, a questão do consumo energético continua a ser um desafio. As operações aéreas requerem uma quantidade significativa de energia, e parte dela é dissipada em forma de calor e vibrações. Para que os drones consigam operar eficientemente, suas baterias precisam ser leves, limitando sua capacidade de armazenamento e resultando em recargas frequentes, além de um impacto ambiental negativo devido ao descarte de baterias.
A energia solar surgiu como uma alternativa viável para mitigar esses problemas, mas, por outro lado, adiciona peso e encarece os equipamentos. A busca por uma solução que permita aumentar a autossuficiência dos drones, sem comprometer seu desempenho, é, portanto, uma prioridade para os pesquisadores.
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A pesquisa do PósMQI foca na coleta de energia gerada pelo vento e pelas vibrações das hélices. Recentemente, foram apresentados resultados em uma publicação na revista Energies, mostrando a promissora tecnologia de “colheita de energia” que pode transformar a maneira como os drones operam.
Como Funciona a Colheita de Energia?
O princípio que fundamenta essa nova abordagem é o uso de materiais piezoelétricos. Esses materiais são capazes de gerar eletricidade quando submetidos a pressão. Em essência, quando são comprimidos, suas cargas internas se deslocam, permitindo a conversão de energia mecânica em energia elétrica utilizável. Cristais como o quartzo e cerâmicas de perovskita são exemplos de materiais eficientes nesse processo, embora sua fabricação possa ser complexa e custosa.
Recentemente, a equipe do PósMQI voltou sua atenção para o fluoreto de polivinilideno (PVDF), um polímero plástico que se destaca por suas propriedades atóxicas, leveza e flexibilidade. Este material está sendo testado como uma alternativa viável, podendo ser facilmente integrado a estruturas móveis, como os braços dos drones.
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Desenvolvimento e Aplicação Prática
Os drones apresentam diferentes configurações, sendo os de asa fixa e asas batentes mais aerodinâmicos, além de possuírem maior autonomia em comparação com os multirrotores. Esses últimos, como tricópteros e quadricópteros, são ideais para aplicações que exigem estabilidade e manobrabilidade, mas enfrentam limitações em termos de autonomia por dependerem exclusivamente da potência das hélices. Por conta disso, instalamos três transdutores de PVDF nos braços dos drones multirrotores, que se mostraram capazes de aumentar a potência coletada, mesmo em velocidades baixas, em torno de 7,5 metros por segundo.
Os resultados obtidos até agora são animadores. Em experimentos realizados, os transdutores geraram até 17,3 volts, suficientes para carregar um capacitor de 3,6 volts rapidamente. Embora a potência gerada ainda seja modesta em condições reais de voo, permitindo apenas alimentar sensores eletrônicos, representa um passo importante para aumentar a autonomia dos drones ao liberar a bateria principal para funções críticas.
Perspectivas Futuras e Projetos Relacionados
Os resultados financeiros dos experimentos foram viabilizados por meio de financiamento da FAPERJ, CNPq e CAPES, permitindo à equipe explorar novas possibilidades. A modularidade do sistema possibilita adicionar mais transdutores a um custo acessível, o que pode ter um impacto significativo na eficiência geral dos drones.
Além disso, o grupo de pesquisa também está em busca de integrar outras formas de colheita de energia, como a união de energia solar e a energia gerada pela chuva. Essa abordagem pode ser aplicada em dispositivos voltados para o monitoramento ambiental em florestas, garantindo uma operação contínua e autônoma, mesmo em locais remotos.
À medida que as tecnologias de colheita de energia se tornam mais acessíveis e eficientes, a transformação na autonomia e na sustentabilidade dos drones pode não apenas revolucionar o setor, mas também contribuir para um futuro mais verde.