A Mobilização da Geração Z pelo Mundo
Em 2025, a Geração Z emergiu como uma força global significativa, mobilizando-se contra governos em diversas partes do mundo. Este fenômeno, amplamente impulsionado pelas redes sociais, transformou a frustração dos jovens em protestos que não apenas desafiaram a elite política, mas também resultaram na queda de líderes em vários países. Essa geração, que abrange indivíduos nascidos entre 1995 e 2009, é a primeira a crescer em um mundo digital, caracterizando-se por um elevado engajamento em assuntos de diversidade, sustentabilidade e política.
Nos últimos meses, manifestações de jovens foram registradas em países como Quênia, Indonésia, Nepal, Filipinas, Peru, Madagascar e Marrocos, refletindo um descontentamento crescente com as estruturas de poder e a desigualdade social.
Quênia: O Estopim da Insatisfação
No Quênia, a morte do blogueiro Albert Ojwang provocou uma onda de protestos em Nairóbi. Jovens exigiram a renúncia do vice-chefe da polícia e do presidente, acusando-os de brutalidade policial. A mobilização expôs ainda mais a insatisfação com a pobreza e a corrupção, levando a confrontos violentos com a polícia, resultando em mortes e detenções. Enquanto Eliud Lagat, o vice-chefe da polícia, renunciou temporariamente, a pressão sobre a liderança de William Ruto continua.
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Fonte: agazetadorio.com.br
Indonésia: O Levante Contra Privilégios
Na Indonésia, o descontentamento com as regalias dos parlamentares gerou protestos em agosto. A indignação se acentuou após a morte de um mototaxista em meio aos protestos, resultando em confrontos e vandalismo. Como resposta, o presidente Prabowo Subianto anunciou a suspensão de alguns benefícios, mas isso não foi suficiente para conter a revolta popular, que resultou em várias fatalidades e detenções em massa.
Nepal: Revolta pela Desigualdade
Em setembro, no Nepal, milhares de jovens se mobilizaram contra a ostentação dos políticos em contraste com a pobreza da população. A revolta, intensificada pelo bloqueio de redes sociais, culminou em atos violentos que resultaram na queda do primeiro-ministro e na convocação de novas eleições. A desigualdade, evidenciada por dados do Banco Mundial, e o desemprego juvenil às pressas foram os principais motores das manifestações.
Filipinas: A Luta Contra a Corrupção
As Filipinas também vivenciaram protestos massivos diante de alegações de corrupção em projetos de infraestrutura. A indignação popular cresceu quando um casal de empreiteiros exibiu riqueza ostentosa em meio a desastres naturais que afetaram a população. O culminar das manifestações levou a confrontos em Manila, resultando em feridos e detenções.
Peru: O Descontentamento com a Previdência
No Peru, as ruas foram tomadas por jovens que se opuseram à reforma previdenciária proposta pela presidente Dina Boluarte. Além da reforma impopular, a insatisfação generalizada em relação ao governo e ao Congresso culminou em protestos violentos, refletindo a tensão social acumulada e a rejeição à corrupção e à falta de responsabilidade política.
Madagascar e Marrocos: A Busca por Mudança
Em Madagascar, a crise de abastecimento de água e cortes de energia levaram a Geração Z a exigir mudanças radicais, culminando em um movimento popular sem precedentes. No Marrocos, a insatisfação com os gastos para a Copa do Mundo de 2030 gerou protestos que clamam por investimentos em saúde e educação. As manifestações, organizadas principalmente por meio do TikTok e Discord, atraíram a atenção do público e resultaram em confrontos violentos.
A Nova Forma de Mobilização
De acordo com Ronaldo Lemos, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, a Geração Z está redefinindo a mobilização social. As redes sociais tornaram-se ferramentas essenciais para a organização dos protestos, permitindo reações rápidas e autônomas, sem a necessidade de estruturas tradicionais como sindicatos ou partidos. Essa nova dinâmica, embora promissora, também traz riscos, pois a falta de uma interface institucional pode levar a consequências imprevisíveis.
A onda atual de protestos oferece uma visão do poder que a juventude exerce, questionando não apenas as lideranças políticas, mas também as estruturas sociais que perpetuam a desigualdade. A Geração Z, portanto, se transforma em uma força motriz de mudança, desafiando normas estabelecidas e exigindo uma voz ativa nas decisões que afetam seu futuro.
