Dinâmica do acidente Apresenta Resultados, Mas Velocidade Permanece Indeterminada
Cinco meses após um grave acidente ocorrido na Via Verde, nas proximidades da Terceira Ponte em Rio Branco, a Polícia Civil do Acre divulgou, nesta terça-feira, 30, as conclusões do inquérito que apurou a colisão envolvendo uma caminhonete e três motocicletas. O trágico incidente, que aconteceu em abril de 2025, resultou na morte de três pessoas e deixou outra gravemente ferida, gerando forte indignação nas redes sociais devido à liberação do motorista no local pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De acordo com Mário Sandro Martins, diretor geral do Departamento de Polícia Técnico-Científica, a investigação foi desafiadora. “Classificamos este caso como uma ação múltipla, uma vez que envolveu diversos veículos e vítimas. A perícia trabalhou arduamente para identificar todos os vestígios que ajudariam a esclarecer a dinâmica do evento e, se possível, a responsabilização”, explicou. Ele ainda ressaltou que a chuva intensa no dia do acidente dificultou a coleta de evidências, como marcas de frenagem, tornando impossível a determinação precisa da velocidade da caminhonete.
O laudo pericial, que se estende por 45 páginas, envolveu a colaboração de cinco peritos e contou com a parceria da Polícia Científica de São Paulo. O estudo incluiu um levantamento detalhado do local, utilização de drones e simulação virtual, com o objetivo de reconstituir o acidente de maneira minuciosa. “As evidências demonstram claramente como a Ford Ranger perdeu o controle e invadiu a pista contrária, colidindo com as motocicletas. Esta dinâmica foi confirmada pelos depoimentos das testemunhas”, afirmou Martins.
Consequências Legais e Revolta dos Parentes
O delegado titular da 1ª Regional, Karlesso Nespoli, destacou que a falta de equipamentos para mensurar a velocidade não prejudicou as conclusões do inquérito. “O motorista foi indiciado pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Ele perdeu o controle do carro em uma curva, em condições de chuva, e deveria ter agido com mais cautela. A questão da velocidade não impede que ele seja responsabilizado criminalmente”, afirmou.
Durante a coletiva de imprensa, a Polícia Civil também apresentou um vídeo simulado do acidente, reconstruído com base no laudo pericial, para ajudar a esclarecer à população como a tragédia ocorreu. Essa iniciativa visou aumentar a transparência e a compreensão sobre os eventos que levaram ao acidente.
Familiares das vítimas expressaram sua revolta diante da situação, sentindo uma profunda sensação de impunidade. “Ele vai responder pelo crime, mas continuará sua vida normalmente, enquanto nós somos os que realmente perdemos. Esperamos cinco meses, e no fim das contas, parece que nada mudou”, lamentou uma das esposas das vítimas, visivelmente emocionada.
Em relação à atuação da PRF, o delegado Nespoli esclareceu que a liberação do motorista foi feita de acordo com as normas legais, mas assegurou que isso não afetou a investigação. “Ele se apresentou na delegacia no dia seguinte. O que a Polícia Civil podia fazer foi realizado com total rigor e detalhamento técnico; agora, cabe ao Poder Judiciário decidir sobre a responsabilização”, ressaltou.
O acidente resultou na morte de Márcio Pinheiro da Silva, de 45 anos, que faleceu no local; Carpeggiane de Freitas Lopes, de 46 anos, cuja morte encefálica foi confirmada dias após o ocorrido; e Fábio Farias de Lima, de 34 anos, que sucumbiu no Pronto Socorro depois de cinco dias de internação. A motociclista Rayane Xavier, que sofreu uma laceração profunda na perna, continua em processo de recuperação.
Em entrevista à GAZETA, Rayane expressou seu estado emocional abalado. “Estou me sentindo perdida. Embora tenha sido dito que minha lesão é leve, eu estou sem emprego e com duas crianças para cuidar. Minha mãe tem me ajudado, mas está sendo difícil ouvir que nada vai acontecer e isso é revoltante”, concluiu.