Superando Desafios na Saúde Pública
No estado do Acre, um programa inovador de transplantes está mudando a vida de muitos cidadãos. Coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) em colaboração com a Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), este serviço tem se destacado por devolver esperança àqueles que enfrentam a dura realidade de precisar de um novo órgão. Desde a sua implementação em 2006, o projeto já realizou 557 transplantes, abrangendo quatro especialidades: rins, fígado, córneas e tecidos ósseos. Em 2025, até o momento, 28 cirurgias foram efetuadas e a expectativa é que esse número supere 50 até o final do ano.
Valéria Monteiro, coordenadora do Serviço de Transplantes da Fundhacre e enfermeira de carreira, enfatiza a importância de um acompanhamento multidisciplinar para os pacientes. “Desde a indicação para o transplante até a realização do procedimento, temos uma equipe que inclui psicólogos e assistentes sociais, promovendo um atendimento integral e humano”, afirma.
A Preparação para o transplante
A preparação dos pacientes para o transplante é meticulosa. Exames como coleta de sangue e eletrocardiogramas são realizados para garantir a aptidão do paciente. Além disso, é fundamental que a equipe médica encontre um órgão compatível, um processo que só pode ser iniciado após a autorização da família do doador. Atualmente, a doação é realizada sob critérios regionais, priorizando os pacientes acreanos na fila de espera.
O governador Gladson Cameli vê os transplantes como um símbolo de esperança. “Cada doação é um ato de amor que deve ser incentivado por todos nós”, destaca. Este apoio do governo é vital, com o secretário de saúde Pedro Pascoal garantindo os recursos necessários para que as cirurgias sejam realizadas com segurança e qualidade.
Histórias que Inspiram
A vida de Edson Lima, de apenas 14 anos, ilustra a transformação que um transplante pode proporcionar. Diagnosticado com a Doença de Wilson, Edson enfrentou um caminho angustiante até conseguir seu transplante de fígado. “Quando recebi a notícia, fiquei cheio de felicidade”, relembra. A experiência dele não é única; diversas histórias no Acre refletem a importância da doação de órgãos.
Com um acompanhamento contínuo na Fundhacre, Edson e sua família são testemunhas do impacto positivo dessa assistência. Sua mãe, Aurinéia Lima, compartilha a alegria que sentiu quando a cirurgia foi agendada: “Agradecemos muito à família do doador. Hoje, meu filho é saudável”, diz ela, visivelmente emocionada.
Conscientização e Ações no Setembro Verde
O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos, culminando no Dia Nacional da Doação, celebrado em 27 de setembro. O movimento Setembro Verde mobiliza diversas ações no Acre, buscando desmistificar a doação e incentivar a conversa entre familiares. Ketiene Martins, enfermeira da Organização de Procura de Órgãos (OPO), ressalta a importância de educar a população. “As pessoas precisam saber que uma simples conversa pode salvar vidas”, explica.
O Plano Estadual de Doação e Transplantes
Com a recente homologação do Plano Estadual de Doação e Transplantes (PEDT), o Acre se destaca no cenário nacional. A portaria, publicada em setembro de 2025, garante que o estado receba apoio técnico e financeiro do Ministério da Saúde, criando um ambiente mais eficiente para realizar os transplantes.
Além disso, a colaboração com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) facilita a logística para captação de órgãos, um aspecto crucial, uma vez que 80% das doações que atendem aos pacientes do Acre vêm de fora do estado.
O Impacto das Doações
O Acre alcançou um marco significativo este ano, com o 100º transplante hepático realizado com sucesso. Lúcio César Nepomuceno, um dos beneficiados, expressou sua gratidão, afirmando: “O transplante trouxe uma nova vida para mim.” Cada gesto de doação tem o potencial de salvar até oito vidas, tornando-se não apenas um ato de generosidade, mas uma verdadeira continuidade da vida.
Ainda há um longo caminho pela frente em termos de conscientização sobre a doação de órgãos, mas as iniciativas em andamento estão fazendo a diferença, transformando não só a saúde dos pacientes, mas também a cultura de solidariedade no estado. O apelo de Edson é claro: “Doem órgãos e doem vidas. Agora sei que poderei realizar meus sonhos. Cada vida salva é uma história que continua.”