Reuniões São Mantidas para Resolução de Conflitos
Uma série de encontros ocorrerá amanhã (29) e no sábado (30) entre representantes da Defensoria Pública e os posseiros dos seringais Santa Cecília e Tamandaré, localizados no Alto Rio Tarauacá, em Tarauacá, Acre. O objetivo é debater o processo que envolve a empresa Verde Brasil, que busca certificação para participar do mercado de crédito de carbono, e as famílias que atualmente habitam essas terras.
A empresa Verde Brasil, em uma nota enviada ao ac24agro, destacou seu compromisso em auxiliar na logística e demais necessidades para que o processo de regularização fundiária avance. Segundo a nota, é fundamental que não haja conflitos agrários ou ambientais nas áreas que pleiteiam a inserção no mercado de carbono, uma exigência das empresas certificadoras.
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Desacordo Sobre o Número de Famílias
Entretanto, há divergências significativas entre as informações fornecidas pela Verde Brasil e as apresentadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tarauacá, que representa os posseiros. Enquanto o sindicato aponta a existência de 72 famílias na área, a empresa afirma que seu levantamento socioeconômico, realizado no início do projeto, identifica apenas 47 famílias.
Outro ponto polêmico diz respeito à quantidade de terra que a empresa oferece para regularização. Durante uma reunião mediada pela Defensoria Pública, a Verde Brasil apresentou três opções de áreas: 50 hectares, 75 hectares e 100 hectares. As famílias que aceitarem as áreas menores teriam os custos burocráticos cobertos pela empresa, enquanto aquelas que optarem pela área de 100 hectares seriam responsáveis pelos custos cartoriais.
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Francisco Sandro Falcão das Chagas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tarauacá, expressou sua indignação em relação às propostas apresentadas. “Colocar uma família que vive há gerações em uma área tão pequena é impensável. Não aceitamos essa proposta”, afirmou, enfatizando a resistência dos posseiros a mudanças tão drásticas.
Apoio Oferecido pela Verde Brasil
Em resposta às preocupações levantadas, a Verde Brasil afirmou que já presta apoio a cinco posseiros, oferecendo insumos, mão de obra, suporte técnico, poços artesianos e emprego de tecnologia, tudo isso sem custo para as famílias assistidas. “Estes são investimentos que demonstram nosso comprometimento com a comunidade”, afirma a empresa em seu comunicado.
Adicionalmente, a Verde Brasil ressaltou que a adesão aos programas propostos não é obrigatória e que o tempo para aceitação varia conforme as famílias observam os resultados e a interação da empresa com outras famílias que já se uniram ao projeto.
As reuniões programadas para amanhã e sábado visam, portanto, esclarecer as questões pendentes e buscar uma solução que atenda aos interesses tanto dos posseiros quanto da empresa, permitindo que o processo de regularização fundiária avance de maneira pacífica e efetiva.