A Denúncia e o Indiciamento na Comunidade Huni Kuî
Isaka Ruy, líder indígena do povo Huni Kuî, foi indiciado sob a acusação de estupro mediante fraude, após uma denúncia feita pela turista chilena Loreto Belén Manzo. O caso se desenrolou durante uma imersão espiritual na Aldeia Me Nia Ibu, localizada no interior do Acre, onde a turista alegou ter sido vítima de assédio sexual. As informações sobre o indiciamento foram confirmadas pela defesa do indígena, representada pela advogada Laiza Camilo, na terça-feira, 12.
A defesa de Isaka Ruy nega veementemente as acusações. Segundo a advogada, “da mesma forma que foi provado que não existiu estupro, vamos atuar para que a verdade prevaleça, visto que não ocorreu nenhum crime por parte de Isaka. Ele nega qualquer ato sexual entre ele e a suposta vítima”, enfatizou Camilo, mostrando firmeza na defesa do cliente.
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A Acusação e os Detalhes do Caso
O incidente, segundo relato da turista, ocorreu no dia 19 de maio, na zona rural de Feijó, onde a aldeia está situada. Loreto Belén Manzo afirmou que chegou à aldeia no dia 15 de maio e, quatro dias depois, teria enfrentado a primeira situação de assédio durante um banho medicinal, quando Isaka teria inserido as mãos em suas partes íntimas. Esse momento teria sido registrado em vídeo pela própria chilena.
De acordo com o testemunho de Loreto, após o suposto assédio, ela teria procurado os pais de Isaka e sua esposa, que, segundo ela, pediram desculpas e solicitaram que apagasse o vídeo. Após o incidente, a família do líder indígena ofereceu à turista a oportunidade de participar da experiência sem custos, e ela acabou se hospedando na casa do irmão de Isaka.
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No entanto, a situação se agravou quando, durante uma conversa no meio da selva, Loreto relatou que o indígena expressou o desejo de que ela se tornasse sua parceira e, segundo seu depoimento, a estuprou.
Desdobramentos Legais e Pedido de Prisão Preventiva
Em decorrência das alegações, no dia 3 de julho, a Polícia Civil do Acre (PCAC) solicitou a prisão preventiva de Isaka Ruy. O delegado Dione Lucas, encarregado da investigação, informou que o líder indígena havia deixado a área antes da chegada da polícia para cumprir o mandado. Por outro lado, a defesa fez um pedido de revogação da prisão no dia 5 de julho, contestando as alegações contra Isaka.
Em relação à conclusão do inquérito e ao indiciamento, o delegado destacou que não poderia fornecer detalhes por se tratar de um processo em segredo de Justiça. Contudo, ele confirmou que o inquérito já foi encaminhado para o Ministério Público do Estado, dando continuidade ao trâmite legal.
Este caso levanta questões cruciais sobre a dinâmica entre cultura, poder e alegações de abuso dentro de contextos indígenas, e a sociedade aguarda por desdobramentos significativos à medida que as investigações prosseguem.