Desdobramentos do Caso Juliana Chaar
Um novo capítulo se desenrola na trágica história de Juliana Chaar, que perdeu a vida após um atropelamento durante uma briga generalizada em 21 de junho. Nesta quinta-feira, 7, a Justiça do Acre decretou a prisão preventiva de Keldheky Maia da Silva, advogado e amigo da bacharela em Direito de 36 anos, suspeito de sacar uma arma e disparar em meio à confusão. Ele já se entregou às autoridades.
Keldheky foi levado à Delegacia de Flagrantes (Defla), onde passou pelos procedimentos padrão. Com a decisão judicial, ele será mantido em uma unidade prisional à disposição da Justiça, e sua detenção deve ser acompanhada por um membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conforme prevê o Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994). A Justiça também determinou que ele fique em sala de Estado Maior e, na falta dessa, em uma cela especial, separada dos demais detentos, no Batalhão de Operações Especiais (BOPE).
Essa medida visa garantir a ordem pública e está em linha com o Ministério Público, fundamentando-se nos artigos 311, 312 §2º e 313, inciso I do Código de Processo Penal (CPP). Maia enfrenta acusações de homicídio qualificado tentado contra Dhiones Siqueira Passos e Ledo Patrício da Silva Almeida Júnior, de acordo com o artigo 121, §2º, inciso II, e o artigo 14, inciso II do Código Penal.
Histórico de Violência de Keldheky Maia
Keldheky Maia possui um passado marcado por episódios de violência. Consta em seu histórico que ele responde a dois termos circunstanciados: um de 2009, que foi encerrado após acordo entre as partes, e outro de 2010, relacionado a uma confusão em que foi encontrado portando uma faca junto a dois menores.
Na madrugada da tragédia que vitimou Juliana, câmeras de segurança capturaram o momento em que Keldheky corre até um carro branco estacionado nas proximidades do bar Dibuteco, no bairro Isaura Parente. Nesse instante, ele saca uma arma e dispara em direção a um grupo rival. Pouco tempo depois, uma caminhonete preta avança sobre ele e Juliana, que tentava contê-lo, e a atinge em cheio. A advogada caiu desacordada na via e, embora tenha sido socorrida pelo Samu, faleceu no Pronto-Socorro da capital.
Reflexões e Afastamento da OAB-AC
Keldheky, que era próximo de Juliana, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, mas foi liberado após audiência de custódia. Em suas redes sociais, ele descreveu o ocorrido como o maior pesadelo de sua vida. “Era para ser eu. Tinha que ser em mim e não na Juliana. Ela não merecia morrer assim”, lamentou, acrescentando que os disparos foram feitos apenas para amedrontar os agressores, sem a intenção de causar ferimentos. Ele se disse surpreso com a coragem de alguém atropelar outra pessoa em uma situação tão caótica.
O delegado Pedro Paulo Buzolin revelou que as circunstâncias da ação ainda estão sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A OAB-Acre informou que Keldheky e outros dois advogados envolvidos na briga — Bárbara Maués e João Felipe de Oliveira Mariano — solicitaram afastamento de suas funções na instituição. Juliana era presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB e faleceu horas após o atropelamento. A vice-presidente da OAB-AC, Thais Moura, confirmou que o caso foi encaminhado ao Tribunal de Ética da entidade, ressaltando que os processos ocorrem sob sigilo, conforme prevê a legislação.