Concorrentes do café Brasileiro e a Nova Tarifa
Recentemente, empresários brasileiros expressaram preocupação com o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, que informou que a partir de 1º de agosto, os produtos importados do brasil, incluindo o café, serão taxados em 50%. Essa medida pode inviabilizar a exportação de diversos itens essenciais, especialmente o grão mais consumido no mundo, o café. Os Estados Unidos são grandes apreciadores da bebida, e a dependência do café brasileiro é evidente, pois o país detém cerca de um terço do mercado norte-americano.
Se as exportações forem negativamente afetadas, os EUA enfrentarão o desafio de encontrar novos fornecedores. Contudo, essa não é uma tarefa simples. Enquanto os EUA são os maiores consumidores de café, a produção local é escassa e a importação se torna uma necessidade.
A Liderança do brasil na Produção de café
O brasil segue como o maior produtor de café do mundo, com uma estimativa de quase 65 milhões de sacas de 60 kg para a safra de 2024/2025, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Em comparação, o Vietnã, que ocupa o segundo lugar, produziu 29 milhões de sacas, mas a maior parte é da variedade robusta, que não atende à preferência dos consumidores americanos, que buscam principalmente o arábica.
Na safra anterior, o brasil colheu mais de 43 milhões de sacas de café arábica, representando impressionantes 44% da produção global. Em contraste, a Colômbia, em segundo lugar, produziu apenas 13,2 milhões de sacas, menos de um terço da produção brasileira. Outros países, como Etiópia, Honduras e Peru, também têm uma produção inferior, o que limita a concorrência.
Desafios para os EUA sem café Brasileiro
Fernando Maximiliano, analista da consultoria StoneX brasil, destacou que o brasil exporta anualmente cerca de 8 milhões de sacas de café para os Estados Unidos. Ele comenta que, com a nova tarifa, a Colômbia não teria capacidade de suprir a demanda que o brasil deixaria de atender, resultando em um grande desafio para os EUA. “Sem um fornecedor robusto de arábica, os EUA podem aumentar a importação de robusta e mudar a composição do café vendido, ou tentar buscar arábica de outros países, mas isso será complicado”, conclui o especialista.
O Impacto Econômico da Tarifa sobre o café nos EUA
A produção interna dos EUA responde por apenas 1% do café consumido no país, o que acentua a dependência de importação. Caso a tarifa de 50% seja implementada, a indústria de café dos EUA provavelmente enfrentará aumento nos preços, já que os outros exportadores não conseguem atender toda a demanda do mercado americano. Segundo dados do governo dos EUA, o preço do café subiu 32,4% entre junho de 2024 e maio de 2025.
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Diante dessa situação, os importadores não têm muitas opções a não ser buscar um diálogo com a administração de Trump, e a Associação Nacional de café dos EUA (NCA) já está trabalhando nesse sentido. Além disso, os exportadores brasileiros também estão preocupados: a Associação Brasileira da Indústria de café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de café do brasil (Cecafé) estão defendendo a necessidade de diplomacia para solucionar o impasse.
Considerações Finais
A situação atual traz à tona a importância do café brasileiro no mercado internacional. Com um panorama incerto, os efeitos da nova tarifa podem transformar o mercado de café nos EUA, dificultando o acesso à bebida que muitos consumidores preferem. À medida que as negociações evoluem, o futuro do café brasileiro e sua posição no mercado americano permanecem em jogo.