Esquema Criminoso e Ação das Autoridades
Nesta quarta-feira, 15 de novembro, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e a Polícia Federal (PF) realizaram a Operação Magna Fraus, com o objetivo de desmantelar um sofisticado esquema de fraudes envolvendo criptoativos e o sistema PIX. As investigações revelaram um grupo que teria desviado mais de R$ 500 milhões em um curto espaço de tempo, utilizando transferências fraudulentas.
A Polícia Civil de São Paulo já havia alertado sobre a gravidade da situação, classificando o evento como o maior golpe enfrentado pelas instituições financeiras no país até o momento. O ataque cibernético, iniciado no início deste mês, afetou um provedor de serviços de tecnologia da informação, que é responsável por conectar os bancos ao Sistema de Pagamentos Instantâneos.
Recuperação de Criptoativos e Mandados de Prisão
Durante a operação, os investigadores conseguiram recuperar R$ 5,5 milhões em criptomoedas, após encontrarem a chave privada em um dos locais inspecionados. Essa descoberta permitiu a transferência dos valores diretamente para a custódia do MP-SP. Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Goiás e Pará. Os suspeitos responderão por uma série de crimes, incluindo invasão de dispositivos eletrônicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa, mas suas identidades ainda não foram reveladas.
O MP-SP informou que os ativos recuperados serão transferidos para uma conta judicial na 1ª Vara Criminal Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro de São Paulo. A operação é crucial para desarticular a rede criminosa que se aproveitou de falhas tecnológicas para cometer fraudes em larga escala, impactando severamente o sistema financeiro brasileiro.
Cenário do Ataque Hacker
Os criminosos atacaram uma empresa que fornece tecnologia essencial para a liquidação de transações via PIX, identificando brechas em seu sistema de segurança. Este ataque se conecta a um evento anterior, onde pelo menos seis instituições financeiras foram comprometidas, gerando uma onda de pânico no mercado financeiro. No dia 2 de julho, surgiram informações sobre como a fraude foi executada, permitindo que os hackers realizassem diversas transferências fraudulentas em massa.
Entre os detidos está João Nazareno Roque, um funcionário da C&M Software, que admitiu ter vendido sua senha de acesso a hackers. Ele foi preso no bairro de City Jaraguá, em São Paulo, e permanece sem advogado até o momento. Roque relatou à polícia que se comunicava com os criminosos via mensagens e ligações, e que, em troca de sua colaboração, recebeu R$ 15 mil.
Impacto no Sistema Financeiro
A C&M Software, que sofreu o impacto do ataque, presta serviços a mais de 23 instituições financeiras. O delegado Paulo Barbosa destacou que mais bancos podem ter sido afetados, embora não seja possível revelar quais no momento. O valor total dos danos ainda é incerto, mas pode ser o maior já registrado no Brasil, com estimativas chegando a R$ 800 milhões.
A empresa declarou estar colaborando totalmente com as investigações e que, desde a detecção do incidente, tomou as medidas necessárias para garantir a segurança de seus sistemas. Apesar da gravidade do ataque, a C&M assegurou que suas operações continuam a funcionar normalmente e que está comprometida em manter a integridade do sistema financeiro.
Próximos Passos e Investigações
As autoridades continuam a investigar o caso e planejam formar uma força-tarefa para identificar outros envolvidos no esquema criminoso. A análise dos dispositivos eletrônicos apreendidos durante as buscas é um passo essencial para desvendar a rede de hackers e congelar ativos suspeitos. A abordagem que levou ao operador de TI sugere uma conexão direta com a criminalidade em São Paulo, reforçando a necessidade de uma resposta robusta por parte das autoridades.
Em depoimento, Roque confessou ter recebido um pagamento substancial e operado o sistema que possibilitou o acesso dos hackers. Ele relatou ainda que se precaveu ao trocar de celular frequentemente para evitar rastreamento. A investigação prossegue, com o foco em entender a extensão total do golpe e em trazer os responsáveis à justiça. Uma conta ligada ao esquema, utilizada para recepção de valores desviados, já foi bloqueada, e a trama continua a ser desvendada.