Interesses em Jogo
O governo Lula (PT) começa a perceber que o tarifaço imposto por Donald Trump pode estar mais alinhado com os interesses das big techs do que com a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde o eclodir dessa crise, assessores da presidência têm discutido a teoria do BBB, que busca descortinar as motivações por trás das imposições tarifárias de Trump ao Brasil.
Esse conceito, que envolve as letras B de Bolsonaro, Brics e big techs, sugere que as grandes empresas de tecnologia estão no centro da questão. Embora essa interpretação não exclua a possibilidade de um cenário mais complexo, as fontes consultadas indicam que, neste momento, a ênfase está voltada para as big techs como principais responsáveis pelo tarifaço.
Um assessor próximo de Lula chegou a se referir a Bolsonaro como um “boi de piranha”, sublinhando que a situação atual favorece as big techs, pois lhes permite direcionar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Este último, por sua vez, tem sido criticado por sua inação em relação a questões que envolvem regulações das redes sociais.
A Tarifação e a Regulação
Quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, seu foco imediato foi o STF, o qual se encontra em meio ao debate sobre a regulação das plataformas digitais. Trump, em sua correspondência ao governo brasileiro sobre essa tarifa, atacou a corte, descrevendo o caso de Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e rotulando como censura as decisões judiciais que afetaram as redes sociais, sem entrar em detalhes sobre quais decisões estava se referindo.
Interesses Energéticos e Espionagem
Outro tema interligado a essa situação, mas que tem recebido menos atenção, é a crise entre Brasil e Paraguai relacionada à venda do excedente de energia da usina hidrelétrica de Itaipu. De acordo com informações reveladas pelo blog, a Agência Brasileira de Informações (Abin) estava monitorando movimentações no Paraguai para verificar se havia uma influência dos Estados Unidos em uma campanha promovida por ONGs paraguaias, que visa romper o acordo atual com o Brasil. Isso permitiria ao Paraguai vender energia para outros países, além de injetar um novo elemento no cenário energético sul-americano.
Recentemente, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, deixou claro que a Casa Branca tem interesse em adquirir a energia de Itaipu, com a intenção de abastecer seus data centers voltados à inteligência artificial. Em um contexto mais amplo, isso traduz diretamente o potencial interesse das big techs em garantir acesso a recursos energéticos estratégicos.
Assim, se a análise do governo Lula estiver correta, o tarifaço de Trump pode ser visto como um movimento que transcende as fronteiras do Brasil, envolvendo complexas relações entre grandes empresas de tecnologia, questões energéticas e a regulação do mercado digital. Este entrelaçamento de interesses poderá ter repercussões significativas não apenas para a política interna brasileira, mas também para as relações internacionais do país.