Redirecionamento das Exportações de Carne Bovino
A interrupção das exportações de carne bovina de Mato Grosso do Sul (MS) para os Estados Unidos levou o estado a considerar novos mercados, como o Chile e o Egito. Jaime Verruck, secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, comentou sobre o cenário atual e os desafios enfrentados pela indústria frigorífica local. A decisão do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas elevadas sobre produtos brasileiros resultou na paralisação das vendas destinadas ao mercado norte-americano.
Enquanto os frigoríficos de MS enfrentam essa adversidade, Verruck enfatiza que esse redirecionamento de produção requer um planejamento meticuloso, especialmente em relação à competitividade dos preços. Apesar da situação, a produção local continua a funcionar normalmente, embora a adaptação ao novo mercado internacional demande tempo e estratégias específicas.
“Estamos observando um provável excesso de carne no mercado interno a curto prazo, o que pode levar a uma queda nos preços, impactando, assim, a rentabilidade dos produtores. É uma fase bastante complexa para o setor”, expressou Verruck ao g1.
Perspectivas para o Mercado Interno
Frente à necessidade de diversificar os mercados externos, o governo de Mato Grosso do Sul também considera fortalecer a distribuição de carne bovina dentro do Brasil. Essa estratégia poderia não só aumentar a oferta, mas também proporcionar uma diminuição nos preços para o consumidor final.
O economista Aldo Barrigosse ressalta que a maior parte da produção, cerca de 70%, é direcionada ao mercado interno. Existe, portanto, uma oportunidade significativa para expandir o consumo de carne bovina no país. “Os cortes que vão para a exportação diferem em relação àqueles consumidos no Brasil. A indústria está sempre em busca de maior rentabilidade, e a expectativa é que, com essa readequação, os preços possam ser mais acessíveis aos consumidores”, explicou.
Negociações com os EUA e Impactos na Cadeia Produtiva
A suspensão das exportações foi anunciada após a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pela administração Trump. Em resposta, o governo estadual está engajado em diálogos com autoridades federais para buscar uma prorrogação dessa medida, tentando assim abrir caminho para novas negociações.
“O prazo está se aproximando e precisamos urgentemente discutir a prorrogação dessa tarifa. A preocupação com as repercussões na cadeia produtiva é significativa, visto que essa situação não afeta apenas a carne, mas também outros setores, como açúcar e celulose”, destacou Verruck.
Role de Mato Grosso do Sul nas Exportações de Carne Bovina
Dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC) mostram que Mato Grosso do Sul ocupa atualmente 7,3% das exportações de carne bovina do Brasil. Em 2024, os EUA se posicionaram como o segundo maior destino para a carne bovina do estado, representando 18,42% do total, o que equivale a cerca de 235,5 milhões de dólares e 49,6 mil toneladas exportadas. A liderança na exportação ficou com a China, que corresponderam a 24,18% das vendas, totalizando 309 milhões de dólares e 66 mil toneladas.
No primeiro semestre de 2025, essa tendência se manteve, com os Estados Unidos ainda em segundo lugar, mas apresentando uma queda em comparação ao volume embarcado anteriormente. A China continuou dominando o mercado com 12,09% do valor total e 11,71% do volume exportado.
Recentemente, o MAPA suspendeu a autorização de um frigorífico da JBS em Campo Grande para exportar para os EUA, um golpe adicional para a indústria local, que já enfrenta dificuldades.