Investigação Revela Detalhes Perturbadores
A Polícia Civil do Acre está aprofundando as investigações sobre o assassinato de Yara Paulino, uma jovem de 27 anos brutalmente morta no conjunto Cidade do Povo. A principal linha de investigação sugere que Yara pode ter doado sua própria filha antes de ser assassinada por membros de uma facção criminosa. O desaparecimento da bebê, que tinha apenas quatro meses à época, levanta questões inquietantes. Junto com a criança, sumiram também roupas e uma bolsa de Yara, o que, segundo o delegado Alcino Ferreira Júnior, indica um planejamento cuidadoso em vez de um simples rapto.
“A ação de quem levou a criança foi meticulosamente pensada. O fato de os pertences de Yara também terem sido levados sugere que não se tratou de um sequestro impulsivo. Essa situação nos leva a considerar a possibilidade de uma doação ou entrega consensual”, comentou o delegado, que está à frente das investigações.
A Falta de Identidade da Bebê
Segundo informações, a bebê nasceu em novembro de 2024, mas não tinha registro de nascimento nem nome até abril de 2025, quando foi registrada pelo pai, já após a morte de Yara. “Essa criança não existia oficialmente. Não era acompanhada por serviços de saúde e não deixou nenhum rastro para a investigação”, esclareceu Alcino. A brutalidade do assassinato de Yara, além dos rumores que a cercam, traz à tona uma série de perguntas sobre a dinâmica familiar e as circunstâncias que cercam a vida da jovem.
Yara foi assassinada após serem espalhados boatos — que se provaram infundados — de que ela teria matado a própria filha. Um saco com restos de animal encontrado em um terreno levou criminosos a confundir com ossos humanos, desencadeando uma reação violenta que culminou em sua execução sob a falsa acusação de infanticídio. “Foi um ‘julgamento’ de facção, e não um linchamento popular. A tortura começou dentro de sua residência e terminou na rua. Todos os envolvidos já foram presos, incluindo o pai da bebê e o cunhado de Yara”, relatou Alcino.
Indícios de Arrependimento
O delegado também revelou que existem indícios de que Yara pode ter se arrependido de ter entregue sua filha. Testemunhas afirmaram que, dias antes de sua morte, a jovem passou a cobrar urgentemente seu companheiro sobre o paradeiro da criança. “Ela chegou a afirmar que ele sabia onde a filha estava. Isso reforça a possibilidade de que ela mesma possa ter cedido a bebê e, posteriormente, se desesperado”, detalhou.
A situação de Yara não é um caso isolado. A polícia mencionou relatos de outras mulheres em situações de extrema vulnerabilidade — como dependência química, abandono social e até mesmo em situação de rua — que também entregaram seus filhos a terceiros. “Infelizmente, essa realidade é mais comum do que se imagina”, lamentou Alcino.
Buscas em Andamento
A Polícia Civil continua a busca por pistas que possam levar ao paradeiro da bebê. A comunidade é encorajada a compartilhar informações, que podem ser enviadas de forma anônima pelo número (68) 99912-2964. O caso de Yara Paulino é um lembrete angustiante das complexidades sociais e dos desafios enfrentados por muitas mulheres em situações vulneráveis.