Consequências da Tarifa de 50%
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros tem gerado apreensão tanto para consumidores quanto para empresas. Essa análise foi divulgada na terça-feira (15) pela U.S. Chamber of Commerce, a principal associação empresarial global, e pela Amcham Brasil, uma das maiores câmaras de comércio americana fora dos Estados Unidos. As entidades destacaram que essa tarifa não só afetaria produtos essenciais, mas também aumentaria os custos para famílias americanas e prejudicaria a competitividade de setores vitais da economia dos EUA.
Em nota, as câmaras de comércio expressaram preocupação com o impacto que a implementação dessa tarifa pode causar. “A proposta de 50% teria repercussões diretas nas cadeias produtivas, onerosas para consumidores e desafiadoras para a competitividade dos setores produtivos mais estratégicos”, afirmaram.
Além disso, as entidades apelaram aos governos dos Estados Unidos e do Brasil para que se comprometam em engajar-se em “negociações de alto nível para evitar a aplicação da tarifa de 50%”. Elas enfatizaram que a imposição desta medida, como reação a questões políticas mais amplas, pode causar danos irreparáveis a uma das relações econômicas mais significativas do país, estabelecendo um precedente alarmante.
As câmaras de comércio ressaltaram que uma relação comercial estável e produtiva entre Brasil e Estados Unidos é benéfica para consumidores, sustenta empregos e fomenta a prosperidade em ambos os países. Com mais de 6.500 pequenas empresas norte-americanas dependendo de produtos importados do Brasil e cerca de 3.900 empresas dos EUA investindo no país, o Brasil se destaca como um dos dez principais mercados para as exportações americanas, recebendo anualmente cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços.
Histórico do comércio Brasil–EUA
Examinando os dados históricos do comércio entre Brasil e Estados Unidos, fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio Exterior (MDIC), observa-se uma predominância do lado americano. Desde 1997, o saldo da balança comercial favoreceu os EUA em aproximadamente US$ 48,21 bilhões, refletindo 28 anos de trocas comerciais. Essa situação revela que o Brasil tem enfrentado déficits comerciais contínuos com os Estados Unidos desde 2009, acumulando um total de US$ 88,61 bilhões onde as exportações dos EUA superaram as importações brasileiras.
No que diz respeito aos investimentos, os Estados Unidos emergem como os líderes. Um relatório do Banco Central, divulgado no final do ano passado, revela que os EUA se destacam tanto como “investidor imediato”, que se refere ao domicílio da empresa que investe no Brasil, quanto na categoria de “controlador final”, que considera a residência do investidor que exerce controle econômico sobre a empresa no Brasil.
Os dados referentes à participação no capital mostram entradas significativas de recursos em moeda ou bens, refletindo a aquisição ou aumento de capital social de empresas brasileiras por investidores americanos. De acordo com informações da Câmara Americana de comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o número de empresas norte-americanas atuando no Brasil está em ascensão, assim como sua participação no mercado local.
Investimentos e Inovações no Brasil
A Amcham também apresentou dados sobre setores que estão atraindo investimentos recentes, além de informações relevantes sobre marcas e patentes norte-americanas no Brasil, com base no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Este crescimento não só destaca a viabilidade econômica da presença americana no Brasil, mas também sublinha a importância de um relacionamento comercial sólido, especialmente em tempos de incertezas políticas e tarifárias.
As câmaras de comércio reafirmaram seu compromisso em apoiar iniciativas que promovam soluções negociadas e construtivas. Elas visam evitar a escalada das tensões econômicas e assegurar a continuidade de um comércio bilateral que traga benefícios mútuos.