Suspensão de Retaliação e Expectativas de Negociação
No último sábado (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de novas tarifas de 30% sobre importações da União Europeia (UE), com início programado para 1º de agosto. Em resposta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou neste domingo (13) que a UE decidiu prorrogar a suspensão de medidas retaliatórias, buscando uma solução negociada para os complexos desafios comerciais entre os dois blocos.
A declaração de Von der Leyen foi emitida um dia após a revelação das novas tarifas. Segundo a presidenta, o bloco “continuará a se preparar para novas contramedidas, assegurando que estejamos prontos para qualquer eventualidade”. Esse posicionamento evidencia o desejo da UE de evitar um confronto comercial em uma fase delicada de negociações.
Em abril, a UE já havia suspendido um primeiro pacote de contramedidas, que visava produtos dos EUA no valor de 21 bilhões de euros (aproximadamente 24,6 bilhões de dólares), por um período de 90 dias para facilitar o diálogo. Essa suspensão, no entanto, estava prevista para expirar na segunda-feira seguinte à declaração de Von der Leyen.
Além disso, um segundo conjunto de medidas, que poderia atingir produtos americanos avaliados em 72 bilhões de euros, está em discussão. Contudo, as especificidades desse pacote ainda não foram apresentadas, uma vez que a aprovação dos Estados-membros é necessária.
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Instrumento Anticoerção e Implicações Comerciais
Von der Leyen ainda comentou que a utilização do Instrumento Anticoerção da UE não está em pauta neste momento. “Esse instrumento foi concebido para cenários extraordinários, e ainda não atingimos este estágio”, afirmou, referindo-se a uma ferramenta que permite ao bloco impor retaliações a nações que tentam exercer pressão econômica sobre seus membros.
Entre as possíveis medidas retaliatórias, está a imposição de restrições de acesso ao mercado da UE para determinados bens e serviços, além de ações relacionadas a áreas como investimento estrangeiro direto e controles de exportação.
Reação à Anúncio das Novas tarifas
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Na carta enviada a Von der Leyen, Trump argumentou que a imposição das tarifas de 30% é uma resposta à “força e compromisso” dos EUA em melhorar suas relações comerciais com a UE, mesmo reconhecendo os déficits comerciais existentes. Ele também ressaltou a necessidade de mudanças nas políticas tarifárias e não tarifárias da união, afirmando que a relação comercial entre as partes tem sido “longe de ser recíproca”.
A proposta de Trump inclui a taxação de produtos reexportados, exigindo também a abertura de mercados europeus para bens norte-americanos. A declaração do presidente sugere um desejo de acelerar as negociações com a UE antes da data limite de 1º de agosto, com a expectativa de que um acordo bilateral seja alcançado, abrangendo setores como aeronáutico, equipamentos médicos e bebidas alcoólicas.
Repercussões entre os Países
Diversos países estão reagindo ao clima de tensão gerado pela carta de Trump. Ursula Von der Leyen expressou preocupações de que as novas tarifas possam comprometer cadeias de suprimento essenciais transatlânticas, impactando negativamente empresas e consumidores de ambos os lados do Atlântico, especialmente considerando que a UE é uma importante fornecedora de medicamentos e produtos farmacêuticos aos EUA.
“A União Europeia sempre priorizou uma solução negociada, evidenciando nosso compromisso com o diálogo e a estabilidade”, afirmou Von der Leyen. Ela ainda assegurou que continuarão a trabalhar em direção a um acordo até agosto, mas que a UE tomará medidas para proteger seus interesses, incluindo possíveis contramedidas proporcionais se necessário.
O governo italiano, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, expressou apoio total aos esforços da Comissão Europeia, enfatizando a importância de manter o foco nas negociações. Por outro lado, o primeiro-ministro holandês classificou as tarifas americanas como “preocupantes”, destacando a necessidade de uma posição unificada da UE para alcançar um resultado que beneficie ambas as partes.
No México, o ministério da Economia se manifestou, informando que recebeu a carta de Trump e continua em busca de alternativas que protejam empresas e trabalhadores antes da data proposta. Em suma, as cartas enviadas a México e União Europeia fazem parte de uma série de notificações enviadas pelo presidente, que se estende a 23 líderes globais, incluindo o Brasil, que enfrenta tarifas elevadas, com 50%.