Reunião de Tarcísio com Diplomata Americana: Expectativas e Realidade
O recente encontro entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, levantou expectativas, mas segundo diplomatas brasileiros, os resultados práticos são incertos. A conversa, ocorrida com o intuito de demonstrar que a direita está atuando para reverter as tarifas impostas por Donald Trump, não parece ter o impacto esperado, de acordo com especialistas ouvidos pelo blog.
Tarcísio utilizou suas redes sociais para divulgar a reunião, enquanto tentava transferir a responsabilidade pelas tarifas recém-anunciadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa estratégia é interpretada como uma tentativa política de minimizar os ataques que surgiram após a movimentação do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, a qual teria provocado uma reação severa da parte de Trump.
Em uma conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro antes do encontro com Escobar, Tarcísio buscou convencê-lo a participar da reunião, que, segundo fontes, não contou com a presença do ex-mandatário. Para os diplomatas consultados, as tratativas sobre tarifas estão concentradas diretamente em Washington, e qualquer mudança na taxa de 50% imposta a produtos brasileiros pelo governo Trump exigirá uma decisão do alto escalão norte-americano, incluindo o próprio Trump.
O diálogo entre Tarcísio e Escobar, realizado em Brasília na última sexta-feira (11), durou cerca de uma hora. Nas redes sociais, o governador reiterou que “a responsabilidade é de quem governa”, anunciando que iniciará conversas com empresas paulistas sobre as tarifas.
Na quinta-feira anterior (10), Tarcísio havia responsabilizado o governo federal pela nova tarifa, afirmando que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, enfatizando que “a responsabilidade é de quem governa”. No entanto, os diplomatas consultados consideraram sua declaração “desastrosa”, alegando que o governador pareceu usar a visita a Brasília para gerar uma imagem positiva, sem substância nas negociações.
A figura de Gabriel Escobar, por sua vez, é vista como um interlocutor distante do núcleo de decisão sobre as tarifas, segundo fontes da diplomacia brasileira. Tal avaliação é corroborada pelo fato de que, em uma recente reunião no Itamaraty, Escobar demonstrou desconhecimento acerca de uma carta relacionada ao anúncio de Trump, o que levanta questionamentos sobre sua influência nas discussões atuais.
Um diplomata, ao comentar sobre a situação, afirmou: “O governador de São Paulo quer apresentar esse encontro como se estivesse dialogando com quem pode resolver o tarifaço, mas isso não é a realidade. Esse encontro se transformou em uma forma de Tarcísio mostrar que está agindo, porém, as negociações sobre tarifas não ocorrem nesse nível. Ele parece ignorar que o verdadeiro poder de decisão está em outro patamar.”
A assessoria de imprensa da Embaixada dos EUA confirmou a realização do encontro entre Tarcísio e Escobar, ressaltando que reuniões entre diplomatas americanos e governadores brasileiros são comuns. “A Embaixada dos EUA busca promover interesses das empresas americanas e fomentar a cooperação bilateral”, informa a nota oficial emitida.