O Impacto da Tarifa de Trump no Etanol Brasileiro
Os Estados Unidos, que ocupam a posição de maiores produtores de etanol do mundo, veem o Brasil como seu segundo maior fornecedor de biocombustível, logo atrás da Coreia do Sul. Contudo, a recente decisão do ex-presidente Donald Trump de taxar a importação de etanol brasileiro em 50% promete alterar esse panorama. Especialistas alertam que essa tarifa poderá onerar o produto em até US$ 250 por mil litros, tornando-o pouco competitivo no mercado norte-americano. Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócios, destaca que esse aumento pode ser um golpe duro para os produtores brasileiros.
Apesar da tarifa, o mercado americano não deve enfrentar escassez de etanol, já que, na verdade, o país é o maior produtor global, com o Brasil em seguida na lista. No entanto, há uma dependência do etanol brasileiro, que é considerado menos poluente, essencial para que os EUA alcancem as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas por programas federais e estaduais, como o Renewable Fuel Standard.
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A Dependência do Etanol Brasileiro
Atualmente, cerca de 70% do etanol importado pelos Estados Unidos vem do Brasil. Isso levanta a questão: por que os EUA ainda precisam do etanol brasileiro? Marcelo Di Bonifacio Filho, analista da StoneX Brasil, explica que programas de incentivo aos biocombustíveis estão em vigor não apenas em nível federal, mas também em várias legislações estaduais, como na Califórnia. Esses incentivos, somados à sustentabilidade do etanol brasileiro, tornam a sua importação ainda mais atrativa.
O Brasil se destaca por processos mais sustentáveis na produção de etanol, utilizando bagaço da cana para gerar energia elétrica e vapor nas usinas. Isso resulta em uma emissão de CO₂ significativamente menor do que a utilizada nas usinas norte-americanas, cuja produção está ligada ao gás natural e à rede elétrica. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), um litro de etanol brasileiro emite, em média, de 450 a 500 gramas de CO₂ equivalente, em contraste com as emissões que podem ultrapassar o dobro para o etanol dos EUA.
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Consequências da Tarifa para o Mercado Americano
Com o provável aumento nos custos do etanol brasileiro, é esperado que os EUA reduzam suas importações, podendo resultar em dificuldades para o cumprimento das metas de descarbonização. Isso impactará negativamente os participantes do mercado americano que dependem desses incentivos aos biocombustíveis. Segundo Di Bonifacio Filho, o principal programa nacional de incentivo aos biocombustíveis é o que mais sofrerá com essa nova realidade.
O Brasil em Busca de Novos Mercados
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Antes mesmo da imposição das tarifas, a indústria brasileira de etanol já estava se voltando para outros mercados mundiais. O Japão, por exemplo, tem avançado na implementação de uma política pública voltada para a mistura de etanol na gasolina, buscando a inclusão de 10% de etanol até 2030 e 20% até 2040. Essa iniciativa foi motivada pela eficácia do etanol como uma solução econômica e rápida para a descarbonização do transporte. Evandro Gussi, presidente da Unica, acredita que as exportações de etanol brasileiro para o Japão devem se concretizar nos próximos anos, à medida que a mistura na gasolina se torne uma realidade.
Com essa nova dinâmica no mercado, é evidente que a indústria de etanol enfrentará desafios significativos, mas também encontrará oportunidades ao se diversificar e explorar novos destinos para suas exportações.
