O Impacto das Tarifas de Trump no Cenário Internacional
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem utilizado o aumento das tarifas sobre produtos importados como um instrumento de pressão contra diversos países. No entanto, essa abordagem tem gerado um efeito colateral inesperado: a popularidade dos governos afetados por essas tarifas tende a aumentar. Este fenômeno foi notado em nações como México, Canadá, Reino Unido e França, cujos líderes experimentaram um crescimento significativo em suas taxas de aprovação após se tornarem alvos das políticas comerciais americanas.
Recentemente, Trump anunciou tarifas impressionantes de 50% sobre produtos brasileiros, uma decisão que despertou reações fortes e imediatas. O argumento do presidente americano gira em torno de uma suposta balança comercial desfavorável para os EUA, mas, na verdade, o país tem desfrutado de superávits em suas trocas com o Brasil desde 2009. A questão central, portanto, é se essas tarifas realmente atingem seus objetivos ou se, ao contrário, fortalecem os líderes rivais.
Na carta enviada ao Brasil, Trump não hesitou em defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que ele é alvo de uma “caça às bruxas” por parte da Justiça brasileira. Bolsonaro enfrenta atualmente uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. Tal apoio, segundo analistas, pode ser visto como uma tentativa de Trump de manter a influência sobre a política brasileira.
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Tarifas e a Resposta Internacional
Donald Trump sempre fez uso das tarifas como uma forma de pressionar seus opositores, mesmo que isso inclua aliados tradicionais. Desde o início de sua presidência, ele tem afirmado que os Estados Unidos foram prejudicados em negociações comerciais por muito tempo, necessitando de correção. Contudo, muitas das tarifas que anunciou acabaram não sendo implementadas ou foram adiadas.
Em abril, Trump fez uma proposta de tarifas recíprocas a diversos países, mas voltou atrás em várias delas. Por exemplo, tarifas de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos foram anunciadas, mas acabaram sendo limitadas. O mesmo ocorreu com os produtos europeus, cujas tarifas planejadas foram adiadas para permitir negociações.
Mais recentemente, na quarta-feira (10), Trump comentou que enviaria cartas ao Canadá e à União Europeia sobre novas tarifas, mas essa instabilidade levou o mercado financeiro a cunhar a expressão “Trump Always Chickens Out”, que sugere que o presidente frequentemente recua em suas ameaças.
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Aprovação dos Líderes Estrangeiros em Alta
Cabe ressaltar que as pesquisas de opinião têm mostrado que as ameaças de tarifas de Trump estão afetando sua própria popularidade. Os americanos expressam preocupação com o impacto dessas medidas no custo de vida, que, por sua vez, elevou as taxas de aprovação de líderes de países que se tornaram alvos dessas tarifas. No Canadá, por exemplo, o Partido Liberal conseguiu vencer as eleições legislativas, impulsionado pela rejeição às políticas de Trump. Já no México, a presidente Claudia Sheinbaum viu sua aprovação subir de 75% para 80% em meio à crise comercial.
Na Europa, os líderes como Emmanuel Macron e Keir Starmer também se beneficiaram das ameaças emitidas por Trump, com suas aprovações aumentando consideravelmente. Um estudo recente revelou que a confiança dos cidadãos na União Europeia atingiu seu nível mais alto em 18 anos, o que indica um fortalecimento do bloco em resposta às tensões comerciais.
Uma Onda de Unidade em Resposta às Tarifas
Segundo Ian Bremmer, CEO da consultoria Eurasia, as tarifas de Trump podem, ironicamente, beneficiar politicamente líderes como Lula no Brasil, assim como aconteceu com os governos de outros países. “O tiro vai sair pela culatra. Isso ajudará Lula e prejudicará Bolsonaro”, afirma Bremmer, enfatizando que é um erro estratégico em vários níveis.
Os efeitos da política tarifária de Trump vão além da economia. Observa-se um movimento crescente de unidade e patriotismo entre os países afetados, que se manifestam em manifestações de apoio aos seus líderes. A pressão internacional provocada pelas tarifas não apenas fortalece as administrações que enfrentam os desafios impostos por Trump, mas também questiona a eficácia de suas políticas comerciais.
Com a situação atual, a incerteza paira sobre o que poderá acontecer com as relações comerciais futuras, tanto entre os EUA e seus vizinhos quanto no impacto interno das políticas de Trump. Os próximos meses certamente trarão mais reviravoltas nesse cenário dinâmico.