Casos de Acusações e Respostas
Após ser acusado de cometer abuso sexual contra a turista chilena Loreto Belen durante um retiro espiritual em uma aldeia no Acre, o líder indígena Isaka Ruy Huni Kuî se apresentou voluntariamente à Polícia Civil na última quarta-feira (9). Ele foi preso preventivamente no município de Feijó, onde, acompanhado por seus advogados, prestou depoimento ao delegado Dione Lucas. Em sua fala, Isaka negou todas as acusações e teve sua prisão decretada, que foi imediatamente cumprida.
Na quinta-feira (10), Isaka passou por uma audiência de custódia e obteve autorização para responder ao processo em liberdade, conforme decisão judicial. Durante o interrogatório, ele afirmou que não estava ciente da denúncia até deixar a aldeia, após o término da vivência espiritual com os turistas. Segundo informações da polícia, o indígena alegou que procurou advogados assim que soube do caso e que se apresentou às autoridades para esclarecer a situação.
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Contradições e Detalhes do Caso
Isaka confirmou que esteve em uma área isolada da aldeia com a vítima, mas negou qualquer ato de violência. Ele alegou que Loreto teria tentado se aproximar dele, mas que ele a rejeitou. A esposa do líder indígena, ao se inteirar da situação, teria causado tumulto entre os presentes, mas, segundo Isaka, não agrediu a turista, pois foi contida por outras pessoas. No entanto, o exame de corpo de delito revelou vermelhidões no corpo da vítima, como apontou o delegado responsável.
A denúncia foi formalizada por Loreto no dia 23 de junho, na qual relatou ter vivido ao menos três episódios de abuso sexual, sendo o último deles em 17 de junho. A chilena chegou à comunidade em 15 de maio, após pagar cerca de R$ 5,5 mil por um pacote de vivência espiritual na floresta.
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Voz da Vítima e Apoio Institucional
Em vídeos que circularam nas redes sociais, Loreto afirmou que decidiu tornar público seu relato para prevenir que outras mulheres passem por experiências semelhantes. “Não quero difamar ninguém, mas espero que outras pessoas não enfrentem o que eu passei. Senti que tive coragem e força espiritual para lidar com isso. Desejo que outras mulheres também possam se manifestar”, destacou.
O caso segue sob investigação, e até o momento, cinco pessoas já prestaram depoimento, incluindo o suspeito e turistas que estavam na aldeia durante o incidente. O celular de Loreto permanece desaparecido. A Polícia Civil está tentando rastrear o aparelho via iCloud, mas aguarda informações adicionais da vítima para prosseguir.
Assistência à Vítima
Loreto recebeu atendimento médico no hospital de Feijó, onde passou por exames, incluindo avaliação sexológica e de lesões corporais. Além disso, ela foi acolhida pelo Departamento Bem Me Quer e pelo Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM), que oferecem suporte a mulheres vítimas de violência no estado do Acre. O apoio a vítimas de violência é crucial para garantir que situações como essa sejam tratadas com a seriedade e a sensibilidade que merecem.