Fatores que Impactaram a Inflação
Uma carta divulgada pelo Banco Central revelou que o aumento dos preços de gasolina, café, vestuário, automóveis e serviços superou as expectativas, o que pressionou a inflação para além da meta estabelecida. Gabriel Galípolo, presidente da instituição, atribuiu esse desvio à atividade econômica aquecida, à alta do dólar, ao encarecimento da energia elétrica e a anomalias climáticas que impactaram os preços.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, registrou uma alta de 5,35% nos últimos 12 meses, abrangendo o período de julho de 2024 a junho de 2025. Esse resultado ultrapassa o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabeleceu uma meta de 3% para o ano, considerando que o cumprimento seria reconhecido caso a inflação ficasse dentro do intervalo de 1,5% a 4,5%.
A inflação registrou um aumento de 0,24% em junho, contribuindo para a superação do teto da meta. De acordo com as novas diretrizes da meta contínua, que estão em vigor desde janeiro, a inflação é considerada fora do limite quando permanece acima do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. Isso ocorreu, e desde janeiro, os índices têm se mantido acima da meta.
Com isso, nesta quinta-feira (10), o Banco Central enviou uma carta aberta ao ministro da Fazenda e presidente do CMN, Fernando Haddad, detalhando os fatores que levaram a este resultado infeliz. O documento destaca que “a atividade econômica surpreendeu positivamente, com crescimento do PIB superando as expectativas e um mercado de trabalho aquecido, resultando em um aumento do consumo das famílias e do investimento”.
Além disso, a carta aponta que “as expectativas de inflação se desancoraram, especialmente no segundo semestre de 2024, e a taxa de câmbio chegou a apresentar uma valorização do dólar em relação ao real, o que impacta diretamente nos preços de produtos importados e nas expectativas de inflação.”
O documento também menciona “os efeitos de anomalias climáticas” e a deterioração do cenário hídrico, que impactaram a bandeira tarifária da energia elétrica, contribuindo para a pressão inflacionária. Galípolo observou que houve aumentos mais significativos do que o esperado nos preços da gasolina, inflação subjacente dos serviços, produtos alimentícios industrializados, especialmente café, e em alguns setores industriais, como vestuário e automóveis.