Adiado o Tarifaço de Trump
Nesta segunda-feira (7), a Casa Branca anunciou que a retomada das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump foi adiada para o dia 1º de agosto. Inicialmente, as tarifas recíprocas, que afetaram mais de 180 países, deveriam voltar a ser aplicadas nesta quarta-feira (9). A nova data fornece uma janela adicional para que os Estados Unidos e seus parceiros comerciais negociem acordos que evitem essas taxas.
Além do adiamento, Trump revelou uma alíquota mínima de 25% sobre produtos importados do Japão e da Coreia do Sul, a ser implementada na mesma data. A informação foi divulgada por meio de cartas enviadas aos líderes dessas nações, que foram compartilhadas em sua conta na rede Truth Social.
Cartas e Advertências aos Parceiros
O ex-presidente já havia mencionado no domingo (6) que o governo norte-americano enviaria notificações a seus parceiros comerciais detalhando os novos valores de tarifas que os países teriam que pagar caso não chegassem a acordos. As cartas enviadas a Japão e Coreia do Sul seguem um modelo padrão, enfatizando a força do compromisso dos EUA com essas nações e a disposição para manter as negociações, apesar de um déficit comercial significativo.
Na carta ao primeiro-ministro japonês, Ishiba Shigeru, Trump afirmou que a tarifa de 25% será aplicada a todos os produtos japoneses enviados aos Estados Unidos, ressalvando que não haverá tarifas se o Japão decidir construir ou fabricar produtos no território americano. Ele também destacou que qualquer aumento nas tarifas japonesas será somado aos 25% já estabelecidos.
Uma mensagem idêntica foi enviada ao presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, reafirmando a mesma imposição tarifária. Esta ação é parte da estratégia de Trump para reequilibrar o comércio entre os EUA e esses países, após anos de déficits comerciais.
Suspensão das Tarifas: Uma Tentativa de Acordo
A prorrogação da data de eficácia das tarifas confirma que a suspensão das chamadas tarifas recíprocas foi estendida por mais três semanas, dando espaço para que os líderes comerciais negociem acordos bilaterais. A suspensão, que durou 90 dias e estava prestes a terminar em 9 de julho, foi a única solução encontrada até o momento para evitar um tarifaço mais generalizado, com taxas que poderiam variar entre 10% e 50%.
A União Europeia está em negociações para evitar sobretaxas em setores como agricultura, tecnologia e aviação, mas ainda enfrenta dificuldades. Países como Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia e Tailândia estão sob pressão para apresentar concessões de última hora para evitar as tarifas impostas por Trump.
Ameaças ao BRICS e a Reação Internacional
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Trump não está apenas focado nas tarifas contra Japão e Coreia do Sul. Em um movimento alarmante, ele também intensificou sua retórica contra os países do BRICS – um grupo de economias emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, entre outros. No domingo (6), Trump declarou sua intenção de impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer nação que se alinhasse com as políticas “antiamericanas” do bloco.
Autoridades da China e da Rússia se manifestaram contra essa estratégia. O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o uso de tarifas não beneficia ninguém e criticou a abordagem coercitiva dos EUA. Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou que a singularidade do BRICS reside na cooperação entre países com interesses comuns, e não contra terceiros.
A África do Sul também se posicionou, defendendo que o BRICS busca promover um multilateralismo reformado e uma ordem global mais justa. Até o momento, o Brasil não se pronunciou oficialmente sobre essas novas medidas de Trump.