Denúncia Chocante de abuso em Território Indígena
A nutricionista chilena Loreto Belen fez uma séria denúncia contra Isaka Ruy, um líder indígena da Aldeia Me Nia Ibu (São Francisco), pertencente ao povo Huni Kuî, em Feijó, interior do Acre. Segundo relatos, a turista afirma que foi estuprada durante uma vivência cultural na comunidade. O incidente teria ocorrido durante uma caminhada em uma área de mata, e a Polícia Civil já está investigando o caso, após a jovem registrar um boletim de ocorrência.
Em vídeos compartilhados em suas redes sociais, Loreto detalha o que teria acontecido, enfatizando a gravidade da situação. O suspeito, por sua vez, nega as acusações e se manifestou publicamente, preferindo não entrar em detalhes sobre o assunto, já que um processo está em andamento.
Loreto, que se apresenta como nutricionista, terapeuta integral e estudante de medicinas ancestrais, visitou pela primeira vez a terra indígena em janeiro, onde passou 15 dias imersa no conhecimento da medicina da floresta. Neste retorno, no dia 15 de maio, adquiriu um pacote para uma experiência de várias semanas, pagando cerca de R$ 5,5 mil.
Relatos de Abusos e a Reação da Comunidade
De acordo com a turista, a experiência, que deveria ser enriquecedora, se transformou em um pesadelo com os avanços de Isaka Ruy, que teriam ocorrido em várias ocasiões. O primeiro incidente foi durante um banho medicinal, quando, segundo Loreto, ele a tocou de forma inadequada. Embora se sentisse incomodada, ela optou por não relatar o ocorrido na hora.
Depois, durante uma dieta em profundezas da floresta, Isaka teria tentado beijá-la à força. Loreto afirmou ter compartido a experiência com os pais e a esposa do líder indígena, que pediram desculpas e sugeriram que ela apagasse as gravações. A proposta de um desconto no pacote de estadia também foi feita, reduzindo o valor para R$ 2,5 mil, em um esforço para amenizar a situação.
Ela aceitou a proposta, na esperança de que os abusos não se repetiriam. No entanto, durante uma conversa à beira de uma árvore samaúma, o que deveria ser um diálogo amigável culminou em ato de violência sexual, conforme seus relatos. A esposa de Isaka Ruy também teria agredido Loreto após o incidente, conforme foi detalhado em seu testemunho em vídeo.
Investigação em Andamento e Apoio à Vítima
Ao deixar a aldeia, Loreto Belen denunciou o caso à Polícia Civil de Feijó no dia 23 de junho. O delegado Dione dos Anjos Lucas confirmou que um inquérito foi instaurado. A vítima foi ouvida, realizou exames médicos e apresentou evidências, incluindo gravações dos momentos de abuso. O delegado destacou que ainda não conseguiu ouvir o suspeito ou sua família, que estão sendo procurados para prestar esclarecimentos.
Isaka, que negou as acusações, não se manifestou sobre a possibilidade de se apresentar à polícia. Ele declarou: “No momento, só tenho a certeza que vou provar minha inocência”. Enquanto isso, Loreto recebeu suporte do Departamento Bem Me Quer da Polícia Civil, que oferece assistência a mulheres em situação de vulnerabilidade, bem como do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM).
A turista ressaltou a importância de sua denúncia, desejando que outros visitantes não passem por experiências semelhantes. “Espero que outras pessoas não passem pelo que passei. Eu tive coragem e força espiritual para falar e enfrentar essa situação,” afirmou, incentivando outras mulheres a se manifestarem caso enfrentem abusos.
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O Papel da Funai e Ações Futuras
O delegado Dione Lucas também mencionou que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foi informada sobre o caso e que a investigação continua. Loreto relatou ter sido alvo de roubo por familiares do suspeito, o que teria ocorrido em uma tentativa de suprimir as evidências. A situação desperta preocupações não apenas sobre a segurança da turista, mas também sobre a proteção de direitos e a prevenção de abusos em contextos de interações culturais.
Enquanto isso, a coordenadora do OPM, Pâmela Morais, destacou a necessidade de atender a vítima com total discrição e respeito, garantindo que a assistência não cessasse até que ela se sentisse segura. A atenção e a proteção à mulher se tornaram primordiais neste caso, além de ser uma oportunidade para discutir a segurança de turistas em comunidades indígenas.