A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em colaboração com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafe), está prestes a inaugurar, no dia 28 de junho, em Mâncio Lima, no Acre, o maior complexo industrial voltado para a produção de café da agricultura familiar na Região Norte do Brasil, destacando-se pela ênfase no cooperativismo. A cerimônia de inauguração contará com a ilustre presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além de Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI. Este evento marca um passo significativo para o fortalecimento da cadeia produtiva do café na região.
O novo Complexo é parte integrante do projeto Café Amazônia Sustentável, uma iniciativa inovadora promovida pela ABDI que tem como objetivo estabelecer um modelo cooperativista de desenvolvimento socioeconômico sustentável. Essa abordagem visa não apenas o beneficiamento, mas também o rebeneficiamento do café cultivado por pequenos agricultores familiares, valorizando a produção local e promovendo a inclusão social. Com um investimento total de R$ 10 milhões, sendo R$ 8 milhões provenientes da ABDI e R$ 2 milhões da Coopercafe, essa empreitada reúne atualmente mais de 180 agricultores da região, proporcionando uma nova perspectiva de crescimento e desenvolvimento.
Perpétua Almeida destaca que “o projeto está em total sintonia com as diretrizes da Nova Indústria Brasil (NIB), com o intuito de transformar a realidade dos produtores que atuam nas cadeias agroindustriais sustentáveis, contribuindo para a segurança alimentar”. Essa visão abrangente reflete o compromisso da ABDI em fomentar práticas que não apenas impulsionam a economia local, mas também respeitam e preservam o meio ambiente, beneficiando diretamente cerca de 2 mil pessoas envolvidas na cadeia produtiva na região do Juruá.
Com uma estrutura física moderna e sustentável, o parque fabril ocupa 1.640 m² e opera com energia elétrica 100% limpa, gerada por 356 painéis solares que produzem 21.500 kWh mensalmente. Adicionalmente, o complexo implementa práticas sustentáveis, como o reuso da água da chuva e a utilização de lenha certificada, reforçando seu compromisso com a preservação ambiental. Vale ressaltar que toda a produção de café ocorre em áreas previamente degradadas, sem qualquer desmatamento adicional, o que demonstra a responsabilidade ecológica do projeto.
A capacidade produtiva do Complexo é impressionante, alcançando até 20 mil sacas de café por safra, o que pode resultar em um faturamento de aproximadamente R$ 40 milhões, dependendo da produtividade local e da cotação diária do café no mercado. O processo de produção é dividido em duas etapas principais: o beneficiamento e o rebeneficiamento. O beneficiamento consiste em secagem, descascamento e classificação do café, preparando os grãos para comercialização, enquanto o rebeneficiamento visa agregar qualidade ao produto, padronizando-o por tamanho e densidade, utilizando peneiras e mesas densimétricas para separar os melhores lotes, aumentando assim o seu valor de mercado.
O parque fabril é capaz de produzir desde café commodity até cafés especiais, diversificando as opções comerciais para os cooperados. Na região do Juruá, a maioria dos cooperados são pequenos e médios produtores, que cultivam aproximadamente 1,5 milhão de pés de café. Essa produção se estende pelo Vale do Juruá e partes do Amazonas, totalizando mais de 5 milhões de pés de café plantados. Com a inauguração deste Complexo industrial, espera-se que a agricultura familiar da Região Norte ganhe um novo impulso, promovendo não apenas o crescimento econômico, mas também a sustentabilidade e a valorização do cooperativismo entre os pequenos agricultores, consolidando uma nova era para a produção de café na Amazônia.